Passo a passo: saiba o que fazer se seu dente cair ou quebrar
ACIDENTES PODEM CAUSAR FRATURA OU TRAUMATISMO DENTAL.
Você sabe o que fazer caso aconteça um acidente e seu dente caia ou quebre no meio? Por mais angustiante que a situação seja, é necessário manter a calma e seguir certos procedimentos que podem garantir a recuperação de seu sorriso. Maximiano Tovo (CRORS 8128), professor de Odontologia da Ulbra e do Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde, explica, a seguir, o que deve ser feito.
O DENTE CAIU? FIQUE CALMO E MANTENHA-O HIDRATADO
Quando um dente cair, recomenda-se deixá-lo úmido, seja em leite, soro ou saliva até a chegada no local de atendimento. De acordo com o Tovo, entre as opções de hidratação, a melhor seria colocar o dente em soro fisiológico. Ele explica que alguns trabalhos mostram que tanto o leite quanto a saliva podem conter certo grau de contaminação bacteriana. “O ideal é lavar levemente, sem fricção e com muito cuidado para não raspar a raiz, que não pode ser tocada. Manter o dente hidratado em soro seria o ideal, mas a saliva é o recurso mais próximo”, afirma.
O PROCEDIMENTO IDEAL
Quando um dente cai, o ideal é rapidamente buscar atendimento. O professor Maximiano lembra que hospitais e universidades nas grandes cidades têm treinamento para conduzir um traumatismo dentário, que é a perda total do dente. Ele explica que, caso a pessoa procure ajuda em até duas horas, a chance de recuperação do dente é grande, pois quanto menor o tempo, mais preservadas estarão as células que ajudam a reparar o dano. “Essa hidratação, sendo feita até duas horas, aumenta as chances de que o ligamento se mantenha vivo.” Quando reimplantado, é feita uma imobilização do dente, que fica grudado nos dentes vizinhos durante um período de 30 a 40 dias.
ALÉM DA QUEDA TOTAL, O DENTE PODE QUEBRAR NO MEIO
A quebra do dente é chamada de fratura. De acordo com Maximiano, o que determina se o dente vai quebrar ou sair da boca é a força do acidente e o impacto no local atingido. Se a pessoa cair de frente, tende a deslocá-lo, provocando uma fratura. Quando isso acontecer, é necessário procurar o fragmento do dente para fazer a colagem e mantê-lo hidratado. Mas se você não encontrar, não se desespere: há materiais que cumprem a mesma função. Nas fraturas em que a raiz dentária também é lesada, há exposição do nervo com certo grau de contaminação. Para isso, o tratamento de canal é indicado.
SE A QUEDA FOR DE UM DENTE DE LEITE, NÃO HÁ NECESSIDADE DE RECOLOCÁ-LO
Quando uma criança perde um dente de leite, não é preciso buscar atendimento. “Quando um decíduo cai da boca, não há necessidade e nem sustentação biológica para recolocá-lo”, explica Tovo. O professor explica que os primeiros dentes têm uma programação genética e quando há um dano ao ligamento periodontal (parte de tecido vivo que envolve a raiz), o dente responde com reabsorção. Ou seja, a raiz vai desaparecer, pois está programada para a partir de certa idade a ser reabsorvida, isto é, cair. De acordo com Maximiano, a tentativa de recolocar o dente pode levar à infecções.
O PICO DE QUEDA ACONTECE COM CRIANÇAS DE 8 A 10 ANOS
Em relação a crianças mais velhas, que já possuem dentes permanentes, o procedimento é diferente. O processo correto a ser seguido é o mesmo dos adultos: manter o dente hidratado e buscar atendimento o mais rápido possível. O professor também lembra que a idade em que mais acontecem acidentes de traumatismo ou fratura dentária é a pré-adolescência, e em jovens que praticam esportes. Ele explica que os protetores bucais seriam ideais para a proteção durante a prática de atividades físicas, o que não acontece por duas razões: ou as crianças não recebem indicação para o uso, ou não têm o total desenvolvimento dos dentes, o que faz com que o protetor não seja visto como opção viável, pois pode machucar a gengiva.
TIPOS DE PERDAS
O professor explica que, devido a menor densidade do osso maxilar, o deslocamento total, isto é, a perda do dente, é mais provável em crianças. Já adultos, por terem ossos com maior densidade e dentes maiores, têm mais resistência ao deslocamento. Dependendo força do acidente, o dente fratura e a quebra pode atingir a raiz, impossibilitando a cicatrização. O professor explica que a fratura pode acontecer na vertical, indo da base até a raiz. “Fratura da coroa tem prognóstico melhor. Fratura de raiz pode ter necessidade de extrair o dente”, afirma Maximiano.