Entenda a relação entre autismo e saúde bucal
Há cerca de 600 especialistas em odontologia para pacientes com necessidades especiais em todo o Brasil.
Para algumas pessoas realizar atividades cotidianas, como escovar os dentes, não é uma tarefa tão simples quanto parece. É o caso de quem tem Transtorno do Espectro Autista (TEA), disfunção global do desenvolvimento com origem ainda na infância. Esse distúrbio afeta a comunicação, o comportamento, provoca alterações sensoriais e nos relacionamentos em diferentes níveis, de acordo com o estágio da doença em cada paciente.
Apesar do transtorno não afetar diretamente a saúde bucal, na maioria dos casos as pessoas com TEA têm dificuldades para realizar a higiene, o que propicia o aparecimento de cáries e doenças periodontais causadas pelo acúmulo de placa bacteriana. “Muitas crianças com TEA tem muita dificuldade de aceitar a higiene bucal, sendo necessário um trabalho de dessensibilização e adequação para conclusão dessa atividade diária. Alguns conseguem fazer a escovação sozinhos, outros necessitam de um cuidador”, afirma a especialista em odontologia para pacientes com necessidades especiais, Adriana Gledys Zink (CROSP 52600).
Devido às limitações provocadas pelo transtorno, como o prejuízo nas relações sociais, pode ser difícil identificar quando uma pessoa com TEA está com dor de dente, por exemplo. Por isso, é importante frequentar o consultório odontológico para realizar os tratamentos preventivos e acompanhar a saúde desses pacientes. “Com a dor, a pessoa fica desorientada, e muitos se agridem nessa situação, pois não conseguem expressar o que sentem. O acompanhamento preventivo com um profissional especializado pode minimizar esses problemas”, frisa Zink. Porém, de acordo com a profissional, há apenas cerca de 600 especialistas em odontologia para pacientes com necessidades especiais em todo o Brasil.
Segundo a dentista, também é importante que as pessoas com TEA façam visitas periódicas ao dentista para se acostumarem tanto a realizar a higiene bucal quanto ao ambiente e aos procedimentos realizados. “Se a criança vai ao consultório desde cedo e faz todo um processo de condicionamento, tudo fica mais tranquilo. No caso de pessoas com TEA há a necessidade de antecipação das fases do tratamento odontológico para diminuir a ansiedade”, conclui Zink.
A profissional salienta que o cirurgião-dentista precisa ter um olhar diferenciado para acolher a população com TEA. Dessensibilização, uso de figuras e de recursos que contribuam para facilitar a interação, são técnicas que auxiliam na abordagem. “O dentista precisa ser treinado para esse atendimento, mas também ter sensibilidade e amor, e isso, não está nas prateleiras das bibliotecas”, finaliza a profissional.