Cuidados com escovação e alimentação fortalecem o esmalte dentário
Ingestão de açúcares e refrigerantes deve ser evitada, pois eles tornam o pH da boca mais ácido, colaborando para o desgaste do esmalte.
Embora o esmalte dentário seja muito resistente, cada vez que tomamos refrigerantes ou comemos um pedacinho de chocolate, esse tecido vai sendo desgastado. O processo erosivo ‒ que dificilmente ocorreria se não fosse a presença de elementos ácidos nos alimentos e bebidas ‒ faz com que, aos poucos, as camadas inferiores do dente sejam expostas. Cuidados na escovação e alimentação são indispensáveis para fortalecer esse tecido e evitar a sensibilidade
Segundo a mestra em ciências odontológicas e professora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Maria Cristina Borsatto, saber escovar os dentes adequadamente é um passo fundamental para não desgastar o esmalte dentário. A escovação com frequência e força excessiva deixa os dentes mais sensíveis e acaba expondo a dentina e a polpa. Maria explica duas técnicas que podem ser adotadas para escová-los corretamente. “A que utilizamos bastante com crianças é a técnica de fones, em que você vai fazendo uma espécie de círculos ao redor dos dentes utilizando a escova. Para os adultos recomendamos a técnica de Stilman, na qual você faz uma espécie de fricção no sentido vertical e depois horizontal. O importante, sempre, é não aplicar muita força na fricção”, esclarece. Para auxiliar no fortalecimento do esmalte, opte por um creme dental pouco abrasivo e soluções antissépticas fluoretadas.
Os cuidados com a alimentação também são necessários. O consumo excessivo de açúcares, por exemplo, faz com que mais bactérias se acumulem na cavidade oral, e isso torna o ambiente bucal muito ácido. A forma que nosso organismo encontra para tentar combater a acidez é dissolvendo o esmalte dentário, liberando minerais que deixem a cavidade oral com um pH neutro.Os refrigerantes devem ser evitados, pois também trazem prejuízos, já que possuem diversos elementos químicos, como o ácido cítrico e o ácido fosfórico, que diminuem o pH da região oral. Já os alimentos como gergelim, leite e sardinhas, fazem exatamente o contrário. Ricos em cálcio e fósforo, eles ajudam no fortalecimento dos dentes e podem combater a acidez bucal.
Outros fatores que exigem atenção do paciente são os transtornos alimentares e o bruxismo. Pacientes que sofrem de azia, acidez no estômago ou bulimia tendem a ter a cavidade bucal mais ácida em razão do suco gástrico entrar em contato com os dentes. A erosão do esmalte também pode ocorrer pelo atrito, como é o caso de quem tem bruxismo e range ou aperta os dentes de forma involuntária.
Prevenir o desgaste do esmalte é a melhor forma de evitar futuras complicações, pois após sofrer com a erosão, não há como recuperar naturalmente o tecido. “Hoje existem estudos que falam sobre engenharia de tecidos dentários, mas isso ainda é um pouco distante da nossa realidade. A única coisa que você pode fazer é passar por um procedimento de reestruturação com resina composta, mas ela nunca vai ter a mesma aparência e ser tão resistente quanto o esmalte”, explica Maria.