• 20/09/2024

    Crianças podem ter medo de dentista por influência dos pais

    Tanto por parte dos pequenos quanto dos pais,a confiança no profissional é indispensável para superar o medo.

    O barulho da broca ou a injeção para a anestesia, por incrível que pareça, não tendem a ser problemas para as crianças. Porém, quando crescem ouvindo os pais falarem que sofreram em uma ida ao dentista, as consequências não podem ser diferentes: os pequenos passam a temer os consultórios. A seguir, especialistas em odontopediatria dão dicas de como conquistar a confiança dos pequenos e garantir o sucesso no atendimento.

    IMERSÃO

    Para o professor de odontopediatria da PUCPR Eduardo Karam, a chave para um bom atendimento aos pequenos é entrar no mundo deles. Ele defende que as crianças são muito curiosas, interessadas e adoram novidades, o que facilita o trabalho. "Usamos a fantasia das crianças a nosso favor. O ponto mais difícil é que elas não foram feitas para ficarem paradas, elas não têm medo de broca ou anestesia, o problema é fazer elas ficarem ali paradas por muito tempo", explica.

    DISTRAÇÕES

    Karam defende que, quando estamos fazendo algo que gostamos, o tempo passa rápido e nem percebemos. Para ele, esse é o grande desafio do dentista: tornar aquela visita atrativa para a criança. "Meu instrumento principal é o espelho. Deixo o paciente com um na mão e vou explicando tudo que estou fazendo, e ele vai acompanhando", explica. Com isso, a criança fica concentrada no procedimento e passa a confiar no dentista.

    BRINQUEDO SÉRIO

    Para Gustavo Camilo do Nascimento Costa, odontopediatra e colaborador do blog Medo do Dentista, no momento em que a criança entra no consultório ela já deve se sentir acolhida. Na recepção, ele indica que devem haver atividades lúdicas que já abordem os hábitos de higiene bucal. Durante o tratamento, uma música ou desenho na televisão podem ajudar a criança a ficar mais tranquila.

    CONQUISTAR A CONFIANÇA

    Tanto por parte dos pequenos quanto dos pais, a confiança no profissional é indispensável. Nascimento destaca que é preciso deixar claro aos pais qual tipo de tratamento será feito com as crianças, para que eles confiem no dentista e transmitam esse sentimento aos pequenos. Karam destaca que a confiança e a relação equilibrada entre o paciente e o dentista, às vezes, acaba sendo mais fácil sem os pais na sala.

    ADMITIR O MEDO

    Para a relação com o dentista ocorrer da melhor forma possível, a transparência é outro ponto fundamental. Ambos os profissionais defendem que quando a criança está com medo e admite isso, o trabalho do profissional fica mais fácil, porque é possível trabalhar esse sentimento e contorná-lo, mostrando que o dentista, na verdade, está ali para ajudar a criança. Nascimento busca estabelecer um acordo com seus pacientes: toda vez que ele sentir qualquer tipo de dor deve levantar a mão, e o profissional deve parar.

    MÉTODOS SEDATIVOS

    Nos casos em que criança ainda é muito pequena ou realmente tem dificuldades para ficar quieta, alguns profissionais usam métodos de sedação, que se dividem em medicamentosa ou consciente. Na medicamentosa, o dentista oferece algum tipo de calmante que diminua a ansiedade da criança, que pode ficar sonolenta, mas sempre acordada. Outra opção é a sedação confiante, na qual o paciente respira óxido nitroso, popularmente conhecido como “gás do riso”, e fica relaxado em razão do efeito anestésico do composto.

    IMOBILIZAÇÃO

    Outro método para tratar crianças inquietas e com medo do dentista seria a estabilização protetora, popularmente chamado de pacotinho. O uso desse imobilizante faz com que o paciente tenha os movimentos do corpo restritos. Embora o método possa diminuir os riscos de ferimentos durante os procedimentos odontológicos, é possível que venha a causar algum tipo de dano físico ou psicológico ao paciente. Segundo Nascimento, esse é um método pouco comum e que só deve ser feito com a aprovação dos pais.

    PAPEL DOS PAIS

    Para Nascimento, na maioria dos casos, o medo do dentista surge antes mesmo de as crianças fazerem a visita. Pelas histórias que os pais contam sobre as experiências ruins vivenciadas no dentista, a criança passa a imaginar que aquilo é algo ruim. Karam destaca que outro ponto problemático é os pais oferecem recompensas caso a crianças se comporte no consultório. Ele defende que esse tipo de comportamento faz o pequeno imaginar que aquela experiência deve ser horrível para os pais terem que oferecer algo em troca. Os pais deveriam, então, tratar a ida ao dentista como algo natural e bom para a saúde dos filhos.

    PRIMEIRA VISITA

    O primeiro contato com o dentista deve acontecer ainda quando o bebê está na barriga da mãe, defende Karam. A partir dos seis meses de idade, quando começam a nascer os primeiros dentes, as visitas também são importantes para que o profissional possa auxiliar os pais a escolher a melhor mamadeira e chupeta para a criança ou, por exemplo, verificar se ela não é uma respiradora bucal. Se desde cedo as crianças visitarem o consultório, é pouco provável que elas passem a ter medo do dentista.