Água fluoretada garante proteção contra as cáries
Embora a água fluoretada traga benefícios, a quantidade do mineral deve ser medida, pois a ingestão em excesso pode causar a chamada fluorose dental.
Facilmente encontrado na água, alimentos e cremes dentais, o flúor desempenha papel importante na proteção contra as cáries, auxiliando na remineralização dos dentes. Com base nesse benefício, a fluoretação das águas de abastecimento público é obrigatória em todos os municípios brasileiros com estação de tratamento de água.
Conforme explica o professor titular de bioquímica e cariologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Unicamp Jaime Aparecido Cury, toda vez que as bactérias localizadas ao redor dos dentes entram em contato com açúcares ingeridos na alimentação, o pH da boca fica mais ácido. Para reequilibrá-lo, os minerais dos dentes se dissolvem e diminuem a camada de esmalte dentário, causando uma espécie de erosão. O flúor, juntamente com a saliva, auxilia a balancear o pH de forma mais rápida e cria uma proteção ao esmalte, de modo que a desmineralização do dente fique imperceptível. Com o esmalte fortalecido e os dentes remineralizados, as cáries têm mais dificuldade de se desenvolver e provocar lesões nos tecidos.
Embora seu uso traga benefícios, a quantidade de flúor deve ser medida, pois a ingestão em excesso pode causar a chamada fluorose dental. “Quando ingerimos água com muito fluoreto, os prismas do esmalte passam a ser menos translúcidos e começam a absorver mais luz em vez de refletir. Essa absorção faz com que o paciente fique com os dentes manchados”, explica. Em razão disso, deve haver certo controle sobre a quantidade do mineral que será colocada na água.
Segundo pesquisa realizada pelo laboratório de bioquímica da Unicamp, em parceria com o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) e o Centro Colaborador do Ministério da Saúde em Vigilância da Saúde Bucal (CECOL/USP), cerca de 30% dos reservatórios de água do Estado de São Paulo estão com quantidades inadequadas da substância, sendo que 14,5% estão abaixo da concentração recomendada e 14% estão acima. A quantidade ótima, segundo Cury, seria entre 0,6 e 0,8 partes por milhão (ppm), o que equivale a 0,6 e 0,8 miligramas de íon flúor por litro de água. Valores abaixo disso fazem com que a propriedade anticárie seja insignificante, enquanto valores acima disso podem comprometer a saúde dos pacientes, causando a fluorose.
Aplicação e cuidados
Para quem tem dificuldade em controlar as cáries, a aplicação de flúor em consultórios odontológicos pode ser necessária. Nesse tipo de tratamento, o dentista aplica um gel ou verniz com alta concentração de flúor, podendo chegar a cerca de 23 mil ppm, e é provocada uma reação química na qual se forma um reservatório de flúor que vai sendo utilizado ao longo do tempo. Entretanto, para quem mantém uma alimentação com pouca ingestão de açúcar, faz escovação com cremes dentais com flúor e vive em cidades com água fluoretada, não é preciso buscar fontes alternativas de flúor. Ao contrário de outros minerais importantes para os dentes, como o cálcio, os pacientes não têm uma necessidade mínima de ingestão de flúor.