ABCD incentiva vacinação contra HPV
Associação Brasileira de Cirurgiões-dentistas trabalha para conscientizar a prevenção do HPV e reforça a importância da imunização, a ser feita em postos de saúde e escolas, por orientação do Ministério da Saúde
Em sua nova etapa da Campanha Sorria para a Vida, a Associação Brasileira de Cirurgiões-dentistas (ABCD) incentiva, além de bons hábitos de higiene bucal e diagnóstico precoce do câncer bucal, a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, entre elas o HPV, que têm feito crescer a incidência de câncer oral na população jovem, por falta de proteção. Uma das medidas importantes que deve ser orientada a pais, familiares e escolas é a vacinação de meninas de 9 a 13 anos contra o papiloma vírus humano, o HPV, que também está sendo incentivada pelo Ministério da Saúde (MS).
A ABCD tem divulgado em suas ações informações que apontam que nos jovens, 32% dos tumores localizados na região oral (cabeça e pescoço)estão relacionados ao HPV. Dados do MS indicam que na campanha de 2014 foram imunizadas nas escolas 100% do público, promovida por prefeituras, em escolas. No mesmo ano, sem a mobilização, apenas 60% das meninas buscaram a segunda dose as vacina nos postos de saúde.
HPV cresce em jovens - O HPV causa 50% dos cânceres da orofaringe, indicam os dados. A incidência dos tumores de cabeça e pescoço relacionados ao HPV tem crescido de forma importante nos últimos 20 anos. Acredita-se que no ano de 2020 a sua incidência ultrapassará a de câncer cervical nos Estados Unidos. O câncer bucal por HPV ocupa o 5º lugar nas mortes em todo o mundo.
A doença pode ser evitada com diagnóstico precoce feito por dentista (região bucal) e por médico (na região da laringe), aos primeiros sinais, seguido de encaminhamento e tratamento rápidos. Com diagnóstico precoce, há chance de cura entre 80% a 90% dos casos de câncer bucal.
Riscos - Os principais fatores de risco para o câncer bucal são: fumo; ingestão de bebidas alcoólicas; infecções por HPV, já que 32% dos tumores em jovens estão relacionados ao HPV, segundo estudo do A.C.Camargo Cancer Center, e exposição à radiação UVA solar (câncer de lábio).
Cabeça e pescoço - O Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) aponta que 83% dos homens com câncer de cabeça e pescoço, aí incluído o câncer bucal, são ou foram fumantes. Dos pacientes tratados, 60% são vítimas de tumores localizados na boca e, 40%, na faringe ou laringe (casos médicos). Além desses fatores, observa-se em pacientes com câncer de boca uma higiene bucal deficiente e uma dieta pobre em proteínas, vitaminas e minerais, mas rica em gorduras.
Ciclo completo de prevenção -O presidente da Associação Brasileira de Cirurgiões-dentistas (ABCD), Silvio Cecchetto, explicou que “as ações da entidade, realizada por dentistas voluntários e dirigidas à prevenção do câncer bucal vão agora enfocar não apenas os riscos já conhecidos como fumo e álcool, para prevenir a doença principalmente em adultos, mas também o risco do HPV em jovens, devido ao sexo oral sem proteção”. E mais: “Com o desafio da inclusão do kit de higiene bucal na cesta básica, fechamos o ciclo de atenção à saúde bucal da população, alcançando todas as faixas etárias, prevenindo doenças e aumentando a saúde, mediante a Campanha Sorria para a Vida, que trabalha levando informação e conscientização à população”, destacou.
Quem deve tomar a vacina contra o HPV?
Meninas de 9 a 14 anos e mulheres até 26
Segundo o Ministério da Saúde, neste ano, o número de meninas imunizadas caiu pela metade: até agosto, 2,5 milhões de meninas de 9 a 11 foram vacinadas, ou 51% do público de 4,9 milhões nessa idade.
A vacina protege contra quatro tipos de HPV: o 16 e o 18, responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero, terceira causa de morte de mulheres no Brasil; e o 6 e o 11, que causam 90% das verrugas que aparecem no ânus e na região genital.
A estimativa do Instituto Nacional do Câncer é que, em 2015, surjam 15 mil novos casos de câncer de colo de útero no Brasil. Por ano, cerca de cinco mil mulheres morrem deste tipo de câncer no Brasil. A doença é precedida por lesões que podem fazer com que mulheres jovens percam partes do útero e assim possam perder a capacidade de engravidar.
Quem toma a vacina em 2015 - Segundo o MS, meninas de 9 a 11 anos e meninas de 12 e 13 anos que não foram imunizados em 2014. Meninas de 14 anos que tomaram a primeira dose aos 13 anos, ainda podem receber a segunda dose.
Meninas de 9 aos 11 e de 12 a 13 anos que fizeram ou não a primeira dose, devem comparecer ao posto de saúde ou à escola para se imunizar contra o HPV.
Meninas e mulheres soropositivas para HPV, de 9 a 26 anos de idade
Para as adolescentes, a vacina é dada em três doses, com a segunda seis meses depois da primeira e a terceira, de reforço, cinco anos após a primeira. A menina deve estar com um documento de identificação para ser vacinada e o Ministério da Saúde recomenda que esteja com o cartão de vacinação.
Para adolescentes e mulheres soropositivas, o esquema de vacinação é diferente, já que elas estão mais suscetíveis às complicações decorrentes do HPV e têm cinco vezes mais chance de desenvolver câncer de colo de útero ou câncer oral. Nesse caso, elas devem apresentar indicação médica e o intervalo entre as doses é diferente: a segunda e a terceira doses são aplicadas dois e seis meses após a primeira.
Locais - Postos de saúde e escolas